17 de fevereiro de 2016

10. O gargalo da infraestrutura.


O País tem dinheiro para transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos, mas não tem dinheiro para investir em infraestrutura. O investimento muito aquém da necessidade do País na infraestrutura é um dos fatores que leva à falta de competitividade dos nossos produtos no exterior. Como regra, o dinheiro público é muito mal aplicado no Brasil. Há investimentos em infraestrutura insuficientes para acompanhar o crescimento do País. 

Como já foram objetos de várias matérias no meu blog, os subsídios às empresas brasileiras via bancos oficiais representa cerca de R$ 50 bilhões anuais e a transferência de renda via política de juros representa anualmente outros R$ 200 bilhões. No total a soma de transferência de rendas, soma R$ 250 bilhões, mantido os subsídios atuais. É exatamente o recurso que falta para investimento em infraestrutura. Por que não mudamos o viés de subsídios para investimento em infraestrutura que beneficia o conjunto da população brasileira?

Vamos lembrar que o resultado do investimento em infraestrutura não vem imediatamente após a aplicação de recursos. Qualquer obra de infraestrutura tem prazo de maturação média de 5 anos à partir da aplicação de recursos. O Brasil está postergando o investimento em infraestrutura por escolha errada da matriz econômica. O País, só não está vivendo o gargalo do investimentos em infraestrutura porque o PIB do ano de 2014 terminou estável e PIB de 2015 foi negativo em 3,6% e PIB do ano de 2016 está a terminar em 4% negativo. 

O governo Temer fala em retomada do investimento, ao contrário, fala em ajustes fiscais. A crise da infraestrutura já está prevista para os anos de crescimento, se houver. Vamos lembrar que o prazo de maturação de investimento em infraestrutura é de, média, 5 anos. Não há como elaborar "plano de emergência" para investimento em infraestrutura. A continuar o descaso na área de infraestrutura, o Brasil está fadado ao crescimento pífio nos próximos anos. 

O "formato" idealizado pelos sucessivos governos para investimento na área de infraestrutura é, sempre, via de PPP - Parceria Público Privado, que não atende as reais necessidades do País. A iniciativa privada não tem R$ 250 bilhões por ano para investir em infraestrutura, devido ao baixo retorno. O governo só pensa em privatizar a área de infraestrutura com intensão de arrecadar o "prêmio" do leilão de concessões. 

O conjunto de governos, federal, estadual e municipal, deveria retomar aos níveis de investimento do período do "milagre brasileiro" em torno de 5% do PIB ao ano. O Brasil corre o risco de "não poder crescer" nos níveis adequados para necessidade de um país continental, por pura falta de planejamento e investimento na área de infraestrutura. Via de regra, os sucessivos presidentes não tem visão de longo prazo. 

Não adianta mudar o governante, se não mudar a matriz econômica e estabelecer um plano de desenvolvimento sustentável de médio e longo prazo. Dentro do plano de desenvolvimento, não pode faltar os investimentos em infraestrutura, que é a alavanca para o próprio crescimento sustentável. 

Ossami Sakamori