17 de fevereiro de 2016

9. O gargalo da energia elétrica


Apesar do projeto de reestruturação do setor elétrico na década de 1990, o novo modelo não garantiu a suficiente expansão da oferta de energia elétrica, e que levou o País a um grande racionamento de energia em 2001. Foi então que à partir de 2004 foram feitos ajustes no modelo com o intuito de reduzir os riscos de falta de energia e melhorar o monitoramento e controle do sistema elétrico no País.

No entanto, a Lei 12.783/2013, as empresas geradoras e transmissoras puderam renovar antecipadamente seus contratos de concessão desde que seus preços fossem regulados pela Aneel. O governo Dilma promoveu a mais desastrada medida de "redução tarifária", em 2013, com fim único de angariar a "popularidade" da presidente Dilma, visando a reeleições de 2014. O resultado todos sabem, deu no que deu. Os preços artificialmente deprimidos, voltaram à realidade tarifária à partir de 2014, provocando aumentos que chegaram a 50%, numa "tacada" só. 

O sistema elétrico nacional tem 136.000 MW de potência instalada, distribuídos da seguinte forma:

a) Micro Usinas Hidroelétricas...........      326 MW
b) Central Geradora Eolielétrica........   5.832 MW 
c) Pequenas Centrais Hidroelétricas.   4.783 MW
d) Usinas Solares..............................         15 MW
e) Usinas Hidroelétricas....................  84.703 MW
f) Usinas Térmicas............................   38.372 MW
g) Usina Nuclear...............................     1.990 MW

O pico de consumo de energia no Brasil ocorreu em janeiro de 2014, com 84.000 MW. Aparentemente, há o "não uso" da potência disponível, mas não é. As usinas hidroelétricas dependem do regime de chuvas, o que torna refém de condições climáticas específicas como o do efeito "El niño". As demais matrizes, incluído as termoelétricas são necessárias para dar estabilidade na oferta de energia elétrica no País.

O sistema elétrico nacional depende muito da geração hidroelétrica, conforme demonstrado na tabela acima. A geração hidroelétrica depende dos níveis de reservatórios, que por sua vez depende do regime de chuvas. O País, só não teve racionamento de energia no ano de 2015, por conta da retração da demanda e utilização da geração de usinas térmicas à plena carga. A hidroeletricidade é uma energia limpa, mas tem o inconveniente de não poder contar com capacidade plena ao longo do ano e ao longo do tempo. 

Historicamente, em qualquer País, o consumo de energia está acima do índice de crescimento econômico do País. O acréscimo está justificado pela utilização cada vez mais intensivo de energia elétrica no cotidiano da população. O crescimento da demanda de energia indica de certa forma o nível de desenvolvimento do País. O Brasil não tem plano de oferta de energia para o futuro. A oferta de energia elétrica será, sem dúvida, o gargalo para crescimento do País.

Se, mesmo no ano de retração da economia, em 2015, estavam praticamente utilizando 100% da capacidade das térmicas, é de supor, pela lógica, que haverá "gargalo" na oferta de energia elétrica, se houver qualquer crescimento econômico, ao invés de retração da economia. O sistema elétrico brasileiro, já está utilizando quase a totalidade da disponibilidade elétrica, nos picos. 

No próximo ano, deverá entrar em operação comercial a Usina Hidroelétrica de Belo Monte, com capacidade instalada de 11.000 MW e oferta média de energia de cerca de 4.500 MW. Estima-se que haja cerca de 50.000 MW de Usinas hidroelétricas ainda possíveis de serem construídos em todo território nacional. Nenhuma Usina hidroelétrica de porte estão programados para serem construídos nos próximos anos. Inexoravelmente, o País viverá novos "apagões". Além de tudo, há limite de oferta de "hidroeletricidade" no horizonte próximo, como dito acima. 

Qualquer plano de desenvolvimento do País esbarra na oferta de energia elétrica. Pela falta de planejamento dos sucessivos governos, o Brasil viverá "crise de crescimento" em função da falta de oferta de energia elétrica. Isto já é demais para minha cabeça! Qualquer governo que venha a se instalar, a matriz energética deverá ser repensada.

Brasil viverá crise de energia elétrica!

Ossami Sakamori